11/10/2017 - 13:35 - 14:20 Epidemiologia da saúde mental e uso de drogas |
19100 - DE 1916 PARA 2016: LIÇÕES DO "IMENSO HOSPITAL" AO "CELEIRO DE MOSQUITO" LUCAS SCHMITBERGER GAVAZZONI - FACULDADE DE MEDICINA DA UFRJ, ROSANGELA GAZE - FACULDADE DE MEDICINA DA UFRJ
Objetivo: Comparar repercussões sociopolíticas da epidemia de zika-microcefalia em 2015-16 e das endemias rurais do início do século XX. Métodos: Revisão bibliográfica: textos clássicos e de referência; periódicos científicos; jornais e redes sociais.
Resultados: Na Primeira República, a capital brasileira esteve diante de cenário endêmico-epidêmico de tuberculose, febre amarela e varíola, dentre outras. A imprensa europeia alertava possíveis migrantes sobre os riscos de morte por aqui e a alcunha “Túmulo dos estrangeiros” traduzia sua reputação. Com a publicação de Os Sertões (Euclides da Cunha, 1902) – expondo a Guerra de Canudos e mostrando o Brasil sertanejo ao mundo – e dos cadernos de viagem ao Nordeste (Neiva e Penna, 1912) – evidenciando endemias rurais, como ancilostomíase, malária, doença de Chagas – difunde-se o movimento pelo saneamento dos sertões. Em 1916, a questão era o "imenso hospital" de Miguel Pereira, em contraposição ao Brasil ‘saudável‘ para a guerra (segundo políticos de então). Em 2016, às vésperas das Olimpíadas, enfrentava-se a epidemia de zika-microcefalia que marcaria uma geração, predominantemente de nordestinos, e traria inconveniente reputação: “celeiro de mosquito”. São analisadas e comparadas situações e representações sociais que possibilitaram compreender influências sociopolíticas no início do século XX e XXI.
Conclusões: Nestes cem anos de alcunhas indesejáveis, o simbolismo que traduzem e o desafio de enfrentar a realidade epidemiológica de um "país tornado refém de um mosquito" – vetor este presente em quase todos os continentes – reforçam a recorrente e segregatória interpretação de que epidemias espalham-se a partir dos países emergentes.
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